quinta-feira, maio 22, 2008

QUESTÃO INDÍGENA NO BRASIL

Andre Penner / AP
(20/05)"Contrários à construção da hidrelétrica Belo Monte, índios da região de Altamira (PA) aceitam ouvir argumentos da Eletrobrás, porém depois há confronto e um funcionário acaba ferido."( notícia veiculada pelo portal BOL)

A questão indígena no Brasil está no limite , e a paciência dos índios também. Num arrombo de ânimos o índio passou o facão no braço no funcionário. Pelo que vi na TV ontem a ação foi intencional , e "bem de levinho" para não arrancar de vez o membro do desafortunado que passou perto do índio. Fato é que a cultura indígena é uma cultura guerreira , e só diferente da cultura de violência de alguns povos atuais , dito "civilizados", porque se sacraliza e se sublima a violência com as explicações da energia :"tirar sangue do inimigo é tirar sua força". Mas , quem dá o 'primeiro tiro' perde a razão ou , pelo menos , faz com que ela fique em segundo plano.

Estamos no LIMITE , perdendo a razão, índios e brancos , negros , europeus , americanos , árabes e orientais, africanos .... CHEGA !!!! ( usando a fala do personagem piegas , a perua representada por Marília Pêra, da "novela das oito"- aliás não tão ruim por que seu roteiro é escrito e supervisionado por Aguinaldo Silva). Com o planeta nos estertores pelos problemas ambientais , somado à ignorância humana de todas as partes , a situação é como a de um rabo de dragão sem cabeça , idiotizado e louco , se movendo e derrubando a tudo e a todos.

Nesse meio tempo , leio uma crônica da revista "Caros Amigos" que um irmão do Dharma me enviou . A crônica de Cesar Cardoso:

"Viva a ignorância"
(in Caros Amigos, 134 , p. 37 , por Cesar Cardoso)

"Minha amiga, vamos deixar de hipocrisia, vamos louvar a ignorância. É só por uns dois minutinhos, o tempo de ler esse texto. Porque é a ignorância que nos sustenta e não a inteligência, a delicadeza e toda a nossa lista de bons sentimentos. Quando foi que você atravessou a rua e deu de cara com uma passeata pedindo mais escolas? Não, a gente vai pra rua pedir segurança e bota grade e cerca elétrica na porta de casa. E qual é o lugar mais superlotado do país? Os motéis? Não, as cadeias. Amor? Amor é muito bom para vender cerveja, roupa e automóvel. Mas no dia-a-dia, meu amor, a gente vai mesmo é de ódio.

No trabalho, por exemplo: o chefão pisa no chefe que esmurra o chefinho que morde o assessor que soca o assistente que cospe na secretária que belisca o office-boy que vai pra casa e dá um bico no cachorro. Ou se ele for um sujeito de sorte, pisa na mulher que esmurra o filho que morde.

Sinto muito, minha amiga, mas é a ignorância que move o mundo. O que mais se vende neste planeta? Flores? Poemas? Bombons Revê D’Amour? Não, é arma mesmo. E você já viu fábrica de armas fazendo liquidação de verão? Não precisa, porque desde que o mundo é mundo eu faço o arco e flecha, tu constróis a catapulta, ele cria o revolver, nos inventamos o tanque, vós idealizais o bombardeio aéreo, eles concebem a bomba atômica.

Por isso, minha amiga, vamos levantar um brinde à violência, pedir duas salvas de palmas ao preconceito e dar três hip-hurras à escravidão que continua espalhada pelos quatro cantos da Terra. São os frutos de nossa ignorância, que seguimos plantando com o suor do rosto alheio.

Pronto. Agora podemos esquecer isso tudo e voltar a ser gente boa e cristã, que tem fé no ser humano e nunca vai ensinar pro filho que ele tem que ser melhor que todo o mundo e que não basta descobrir a pólvora, tem que atirar primeiro.

Nós? Nunca."


(in Caros Amigos, 134 , p. 37 , por Cesar Cardoso)

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