segunda-feira, julho 20, 2009

Do porque A PEDRA DO REINO está entre os livros na estante?


A CONTRACAPA DO LIVRO E o OFERECIMENTO de MEU iRMÃO (1971)
Meu irmão deu o livro a meu pai . Eu nunca soube exatamente porque , mas sabia exatamente quando ( a circunstância ) : meu pai adoecera , tinha passado quase um mês no hospital , e quando retornou (com mil dificuldades neurológicas, devido ao AVC) , todos em casa fizeram o que podiam para revitalizar seus sentidos "apagados". Por isso meu irmão ofereceu esse livro.
Mas tem mais uma explicação , que talvez meu próprio irmão não tenha se dado conta na época. Ao ler hoje o trecho "FOLHETO XXXVIII- O CASO DA CABEÇADA INVOLUNTÁRIA", vejo o quanto meu pai foi e talvez ainda seja um bocado o QUADERNA, o personagem principal. No Folheto 38 , vemos que Quaderna , entre outras habilidades, é charadista de um jornal local. Quaderna , segundo se lê , devia fazer o horóscopo do jornal , além das cruzadas e charadas, um conjunto simbólico como referência a uma das máximas do livro , "viver é decifrar enigmas".
Tais atividades, do personagem Quaderna , podem bem estar apresentadas no livro de maneira simbólica, contudo - não "o astrólogo" -mas "o charadista" clássico (que, não raro, é também "cruzadista") é o camarada que monta as palavras-cruzadas e os enigmas charadísticos ( estes hoje não são mais publicados nos jornais, mas o foram, no Estadão , na Folha da Tarde, e outros).
Meu pai O SINEIRO na capa da revistinha do C.E.P. (1958)
Charadismo era o hobby de meu pai , "desde os 18 anos de idade", como ele próprio costumava lembrar, e continuou sendo , mesmo após o AVC, e até bem recentemente. Um charadista pode criar ou apenas decifrar charadas e cruzadas. Cada charadista tem sua confraria, que reune ,em geral, praticantes do charadismo que mantêm certos laços de afinidade , ou moram em proximidade um do outro, coisas assim. Cada membro da confraria charadística tem também seu próprio codinome (seu nick name) , sendo que o do meu pai era "O Sineiro" , como é conhecido por seus velhos confrades, que até hoje telefonam para casa convidando para almoços anuais do CEP-"Círculo Enigmístico Paulistano" , ou mandam pelo correio suas "tertúlias charadísticas" ( revistas e jornalecos das confrarias , com "ferros" para decifração). E assim , os charadistas passam suas vidas, como "Quadernas". Simpáticos e quixotescos velhinhos defendendo suas práticas "antiquadas" (digo isso,apenas, porque se encontram "em extinção"), e assim vão esperando a vida passar. Eles não se conformam que meu pai tenha abandonado o "campo de batalha". Mas não foi escolha dele , e sim das sinapses que não ocorrem mais.

Enfim , meu pai é um pouco o QUADERNA, um híbrido, um "enigma" cheio de contradições à desvendar-se.

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