terça-feira, dezembro 02, 2008

18/11/2008
Preconceito de professores é entrave para ensino de história afro-brasileira, aponta educadora
Da Agência Brasil

Manaus - Por preconceito e falta de interese pela temática racial a maioria dos educadores não leva adiante a determinação federal de colocar em prática na sala de aula o ensino da história e da cultura afro-brasileiras. A opinião é da professora da Rede Municipal de Ensino de Manaus, Ana de Oliveira.
“Nós, professores, temos recebido apoio do governo federal e das secretarias [estaduais e municipais]de Educação para trabalhar o tema em sala de aula. Falta agora a iniciativa de cada professor. Trata-se de um processo de mão dupla, onde os governos fazem a lei, dão o incentivo e os educadores devem corresponder fazendo a sua parte”, afirmou a educadora.
“Do contrário, a Lei estará sempre engavetada”, completou Ana, referindo-se a Lei 10.639 que, desde 2003, estabelece a obrigatoriedade do no país do ensino da história e cultura afro-brasileiras nas escolas públicas e particulares do Ensino Fundamental e Médio.
Também para Lenize Martins, diretora da Escola Municipal Professora Percília do Nascimento Souza, localizada na zona Oeste de Manaus, o preconceito é o maior entrave a aplicação da lei e o papel da escola é combatê-lo.
“Vivemos uma época onde é preciso reconhecer que o preconceito racial existe e ultrapassá-lo. O trabalho pesado feito pelos primeiros negros no Brasil não é reconhecido como base para o início da construção da sociedade brasileira. Toda escola é formadora de opiniões e local de cidadania. Nesse sentido, tem papel fundamental para o esclarecimento sobre as diferenças existentes na sociedade e para a extinção de preconceitos”, apontou a gestora.
Ela conta que, para conscientizar alunos e a comunidade local sobre a importância de conhecer e valorizar a história e a cultura afro-brasileira, a escola decidiu esse ano mudar a forma de abordar o Dia da Consciência Negra, celebrado na próxima quarta-feira (20).
Há vários dias, os aproximadamente 500 alunos, do 1º ao 5º ano da escola, estão sendo mobilizados para apresentar uma série de pesquisas sobre os costumes, o vocabulário, a culinária e a influência do negro no Brasil numa feira cultural aberta à comunidade. De acordo com Lenize, a iniciativa representa uma ação localizada, mas que pretende contribuir para o cumprimento da Lei 10.639 promover a discussão sobre a questão racial na sociedade.
“Até o ano passado, o Dia da Consciência Negra, era trabalhado apenas como hora cívica. Estamos ampliando o tratamento desse assunto na escola e este ano decidimos fazer um evento maior. Pais, pessoas da comunidade e outros estudantes interessados também poderão participar. Nossa escola estará de portas abertas e com isso esperamos contribuir para uma melhor divulgação do assunto”, concluiu.
Em todo o estado do Amazonas, há cinco anos, é realizada a Semana da Consciência Negra, que reúne diversas atividades relacionadas às questões afro-brasileiras. As ações são realizadas de forma coletiva por entidades representadas no Fórum Permanente de Afro-Descendentes do Estado (Fopaam).
Segundo a entidade, estima-se que pelo menos 30% da população amazonense seja de descendência negra.

Fonte: UOL educação - http://educacao.uol.com.br/ultnot/2008/11/18/ult105u7278.jhtm

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