sábado, maio 18, 2013

CAFFE FAMILIAR


"Caffe per tutti !"
uma voz familiar
veio me  perturbar a paz
pensamentos surgem
pelos estímulos do líquido escuro
me colocando em guerra
para não dormir.
é seguro
é escuro
necessariamente forte
para dar coragem,

um mergulho
em cada xícara
um paraíso num atlântico tão profundo
embarco e vou
embaixo da corcunda do firmamento
do céu noturno
e fixo meu olhar na lembrança
de um conto de terror indígena : o Descobrimento do Brasil
Terra à Vista !
Cachimbinhos da paz
nos dias de hoje , evoluíram,
esquecimento.
Nápoli está distante agora
não sei mais de onde vim
afogou-se tudo e afogaram-se todos
nas poças do meu café
e do meu passado
não vieram plantar nenhum fruto
pois que nenhum até agora cresceu
Vieram pegar pau,
para fazerem seus violinos
e tocar a musica distante de nossos antepassados.
Passada a água morna pelo coador
ficaram retidas apenas
as sobras da partitura desse meu antigo pesadelo
Isto : "o que sou",
uma música quase afinada ,
uma nota dissonante,
uma gota de água no mar
nessa travessia escura
pelo fundo de uma só vida
em uma só xícara de café.




(O ministério dos pobres poetas informa : quem rouba poesia é ladrão de poesia .)

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