FOLHETO XXXVIII
Minha obrinha fez sucesso entre os desocupados da rua (...) "
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pág 189 , FOLHETO XXXVIII - "Romance d´A PEDRA DO REINO e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta", de Ariano Suassuna, Livraria José Olympio Editôra, Rio de Janeiro, 1971.
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O personagem principal , Quaderna , um "monarquista de esquerda" ( como se auto-declara o personagem) é a referência a uma espécie de contradição híbrida entre Dom Quixote, Antonio Conselheiro e outros supostos heróis ou anti-heróis (?) sertanejos, brasileiros e ibéricos . Na busca de construção de um personagem catalizador do espírito identitário do povo brasileiro, Suassuna não gosta de associar Quaderna ao "Macunaíma" de Mario de Andrade. Justifica que Quaderna é cheio de caráter e boas intenções. Neste episódio , Quaderna está em confronto e disputa com um escrevente de cartório, por uma posição literária no jornal local e no vilarejo. Certamente é um dos menores episódios, dentre os vários, os quais experimenta o personagem no decorrer do LONGO livro, que tem ilustrações (xilogravuras) divinas do próprio Suassuna.
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Ariano Suassuna explica nesta entrevista dada a Folha de São Paulo , em 26 de outubro de 1991, a identidade do personagem Quaderna e sua ego-referência:
Folha - Como é que o sr. se aproximou do monarquismo do ponto de vista intelectual?
Suassuna - Eu vou explicar. A minha simpatia pelo regime monárquico começou muito cedo na infância, através da influência de um tio meu, Joaquim Duarte Dantas, monarquista e católico. Ele lia para mim trechos e mais trechos de um livro português escrito por um certo Antero de Figueiredo, que hoje está meio fora de moda, mas a quem ele admirava muito. E o livro de Antero era sobre d. Sebastião. Um dos motivos que me levavam para a monarquia era o motivo estético. A monarquia é mais bonita do que a república. Plasticamente, pelo ritual, pela liturgia, por tudo. Então, eu sou um escritor e um artista e eu tenho uma natural atração pela beleza, pelas coisas bonitas. Agora, por outro lado, a própria visão do povo brasileiro é uma visão mais monárquica do que republicana.
entrevista completa em :
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