quarta-feira, janeiro 28, 2009

SOUZA DANTAS ,O "OSCAR SHINDLER" BRASILEIRO, e o "VERDUGO" FILINTO MULLER

Uma rua perto de minha casa , na Vila Santa Catarina , chamava-se Souza Dantas . Mudaram a rua de nome, hoje se chama Jorge Duprat Figueiredo. Mas , os moradores do bairro de vez em quando ainda a chamam de "a antiga Souza Dantas".

Pois , bem recentemente vi na TV NBR - aquele canal do governo federal recém-inaugurado - a visita do presidente Lula a uma cerimônia numa sinagoga em Higienópolis ( a frenquentada pelo dono do Banco Safra). A cerimônia era em memória aos Mortos do Holocausto . Falaram autoridades políticas e religiosas , e um rabino mencionou o nome de Souza Dantas. Fui correndo para a internet procurar saber quem era o Souza Dantas , ex-nome da rua do meu bairro. Que boa surpresa , valia a pena saber quem foi mais do que UM SIMPLES NOME DE RUA que mudou.




Luiz Martins de Souza Dantas (1876-1954), embaixador do Brasil na França de 1922 a 1944. Assinando pessoalmente vistos e passaportes diplomáticos, Souza Dantas salvou comprovadamente 500 pessoas. Mas o número pode passar dos mil. Foi o Oscar Shindler brasileiro. O historiador Fábio Koisman , diretor de pesquisas da Universidade Estácio de Sá, publicou em 2001 sua pesquisa sobre atuação de S. Dantas .



O embaixador, que não figura em nenhum livro de História brasileiro, foi reconhecido no dia 2 de junho, pelo Museu do Holocausto de Jerusalém (Yad Vashem), como Justo entre as Nações. Só quem preenche pelo menos uma de três condições merece o título concedido pelo museu: arriscar cargo e posição social, arriscar a própria vida e salvar um número expressivo de pessoas.

Entre as centenas de pessoas que tiveram o visto assinado por S. Dantas está o grande ator Ziembinski, polonês de origem , mas que consta não ter origem judaica , e embora assim , veio para Brasil fugindo de provável perseguição que poderia sofrer com o início do expansionismo nazista na Europa. Ziembinski e seu passaporte com visto para o Brasil

Ao voltar ao Brasil, em maio de 1944, uma grande festa com desfile em carro aberto pela Avenida Rio Branco e decretação de feriado nas escolas do Rio, foi planejada para homenageá-lo. Assessores do então presidente Getúlio Vargas, porém, desmobilizaram as boas-vindas.

O Embaixador Souza Dantas

Penso que continuam boicotando a memória de Souza Dantas , retirando-lhe , daqui ,o nome da rua ; se bem que , por felicidade , parece que há uma outra rua de nome "Embaixador Sousa Dantas" , no bairro da Saúde. Ótimo !

Em outros casos , e cabe aqui citar , a permanência de certos nomes identificando edificações e espaços públicos, como o do delegado Filinto Muller numa Escola Estadual em Diadema -SP é um descalabro de memória histórica. Basta saber que Filinto Muller participou da perseguição , prisão e deportação da ativista de esquerda Olga Benário (companheira de Luis Carlos Prestes). Grávida , Olga era alemã , judia , e foi enviada como um "presente" do governo Vargas para Hitler, morrendo numa câmara de gás de um campo de concentração nazista.

Sugiro , por exemplo , a mudança do patrono da unidade escolar em Diadema para "Escola Estadual Embaixador Souza Dantas", servindo de desagravo à situação. Reparar erros e limpar nossa história de heróis inúteis - ou os que nunca foram heróis - é necessidade urgente. São exemplos de atitudes humanitárias e solidárias que nossos jovens alunos precisam. Ao contrário disto , submetemos nossos jovens a estudarem sob o teto de um local cuja denominação é a de um pseudo-herói , e sob a memória da covardia do uso do aparato do Estado para perseguição e assassinato de opositores políticos. Não precisamos mais de exemplos de violência e usurpação do poder na história do Brasil, já os tivemos demais. Sejamos outros , autenticamente humanos como Souza Dantas.

Um site em homenagem

http://www.rivkah.com.br/tradicoes/dantas/dantas.htm


A revista Morashá publicou um resumo da biografia
http://www.morasha.com.br/conteudo/artigos/artigos_view.asp?a=529&p=1


A revista Veja publicou uma reportagem na ocasião da publicação do livro de Fabio K.
http://veja.abril.com.br/140301/p_122.html

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