1830/06/21 Salvador -1882/08/24 São Paulo SP
Luiz Gonzaga Pinto da Gama
Luiz Gama era filho de escravos, e foi vendido pelo pai, em 1840, por causa de uma dívida de jogo. Comprado em leilão pelo alferes Antonio Pereira Cardoso, passou a viver em cativeiro em Lorena SP. Em 1847 foi alfabetizado por Antonio Rodrigues do Prado Júnior, hóspede de Antonio Pereira Cardoso. No ano seguinte fugiu da fazenda e foi para São Paulo SP. Lá casou-se, por volta de 1850, e freqüentou o curso de Direito como ouvinte, mas não chegou a completá-lo. Em 1864 fundou o jornal Diabo Coxo, do qual foi redator. O periódico era ilustrado pelo italiano Angelo Agostini, considerado marco da imprensa humorística em São Paulo. Entre 1864 e 1875 colaborou nos jornais Ipiranga, Cabrião, Coroaci e O Polichileno. Fundou, em 1869 o jornal Radical Paulistano, com Rui Barbosa. Sempre utilizou seu trabalho na imprensa para a divulgação de suas idéias antiescravistas e republicanas. Em 1873 foi um dos fundadores do Partido Republicano Paulista, em Itu SP.
Nos anos seguintes, teve intensa participação em sociedades emancipadoras, na organização de sociedades secretas para fugas e ajuda financeira a negros, além do auxílio na libertação nos tribunais de mais de 500 escravos foragidos. Por volta de 1880 , foi líder da Mocidade Abolicionista e Republicana . Entre seus feitos espetaculares está o episódio em que Luiz Gama se depara com o temido José Bonifácio, o moço, como seu adversário no júri popular. Sem demonstrar o menor temor consegue estrondosa vitória que o permitiu libertar mais de cem negros escravos.
Os poemas de Luís Gama estão vinculados à segunda geração do Romantismo. Entretanto, segundo o crítico José Paulo Paes, "distanciando-se dos literatos da época pelo seu realismo de plebeu, Luiz Gama deles se distanciava também pela concepção que tinha da literatura. Para ele, ser poeta não era debruçar-se sobre si mesmo, num irremediável narcisismo, mas voltar-se para o mundo, medi-lo com olhos críticos, zurzir-lhe os erros, as injustiças, as falsidades.".
Luiz Gama está sepultado, desde 1882 ,no Cemitério da Consolação, na cidade de São Paulo. Há de se colocar flores em seu túmulo para que o espírito crítico , de liberdade e justiça não abandone nossos dias neste mundo... e como precisamos !
Felizmente , Gama recebeu reconhecimentos vários ainda em vida , tanto que em 31 de dezembro de 1870, o Correio Paulistano publicava a seguinte nota1:
' Tributo de consideração – Comunicam-nos o seguinte:
Esse fato servirá igualmente para perpetuar o glorioso triunfo na defesa que fez ele de si próprio, ante o ilustrado Tribunal do Júri da briosa capital de São Paulo, reunido no 28 de dezembro do presente ano de 1870 para julgar do iníquo processo que lhe foi há um ano engendrado sob o fútil pretexto, mas com o propósito prudente de afastá-lo da brilhante, posto que espinhosa posição que ocupa na sociedade como advogado gratuito das causas de liberdade em toda a província de São Paulo.”
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